sexta-feira, 21 de julho de 2017

Um passeio musical e virtual por São Luís

É incrível como a tecnologia tem progredido nos últimos anos em termos de informação. Se há vinte anos atrás, para fazermos uma pesquisa, era necessário buscar arquivos de ficheiros, encomendar catálogos de bibliotecas que demoravam meses pra chegar e fazer fichamentos de livros, hoje podemos acessar bibliotecas com um clique, digitalizar o material e levá-lo pra qualquer lugar em um cartão de memória, comprar livros digitais e buscar informações neles apenas com a procura de palavras-chave. Não preciso dizer que estou tirando o máximo de proveito que posso desses recursos.

Como mais um "desmembramento" dessa pesquisa, resolvi fazer uma pesquisa dos locais em São Luís que tiveram significativa importância nas práticas musicais em épocas diferentes, consultando documentos de época e posicionando a visualização dos lugares através do Google Earth. Preparei a lista abaixo segundo os critérios: locais confirmados ou hipotéticos e que pertenceram a instituições ou músicos, em ordem cronológica ascendente. Espero que achem interessante!



1) Locais confirmados

Teatro Arthur Azevedo - clique no nome para visitá-lo
Fundado em 1817 sob o nome de "Teatro União", foi renomeado em 1852 para "Teatro São Luiz" após a grande reforma que teve para receber as companhias líricas nacionais e estrangeiras que circulavam pelo Brasil Imperial. Em 1922, passou a ter o nome que leva até hoje.
Endereço atual: rua do Sol, s/n

Casa dos Educandos Artífices
Instituição dedicada à educação de crianças órfãs, a exemplo da Casa Pia de Lisboa. Funcionou de 1841 a 1889, em um belo rédio do século XVIII. Possuía uma banda, onde os internos tinham aulas com o professor de sopros ou de cordas. Formou vários músicos importantes que atuaram entre a segunda metade do século XIX e a primeira metade do século XX. Seu prédio recebe hoje a Superintendência Federal de Agricultura do Maranhão.
Endereço: Praça da República

Sobrado onde nasceu Catullo da Paixão Cearense (1866-1948)
Nome mais conhecido dos músicos maranhenses do século XIX, Catullo era letrista e tomava de empréstimo melodias principalmente do choro carioca para escrevê-las. Graças à veiculação dessas canções nos primórdios do rádio no Rio de Janeiro, Catullo ficou bastante conhecido na época, porém, continuou pobre por não ter recebido os benefícios da veiculação das mesmas. Há uma placa nesse sobrado (que, inclusive, está bem descaracterizado), afixada conforme indicação do prof. Joaquim Santos.
Endereço atual: rua Oswaldo Cruz, 66

Casarão onde viveu o artista plástico e professor de violino João Manoel da Cunha Júnior (ca.1834-1899)
Pai do violinista e compositor Ignácio Cunha (1871-1955), esse é o possível casarão onde nasceu o músico. João fez parte dos artistas plásticos mais importantes de São Luís da segunda metade do século XIX, ao lado de Domingos Tribuzy (ca.1813-1880), José Maria Billio Júnior (18??-1879) e Luís Ory, tendo boa reputação como retratista. Posteriormente, João se mudou para uma casa em frente à Igreja de São João, onde manteve um ateliê que era frequentado por Aluísio Azevedo e o inspirou na criação de "O Mulato" segundo Nonnato Masson, em reportagem de 1955.
Endereço antigo: rua do Sol, 45

Casa onde residiu o cônego Manoel Pedro Soares, chantre da Sé durante o século XIX
O Cabido da Sé, entidade responsável pela organização da liturgia católica, foi bastante ativo durante o século XIX. Teve como mestres-de-capela o organista, cantor lírico e compositor português Vicente Ferrer de Lyra (ca.1796-1857), o organista francês Theodoro Guignard (18??-1887) e o pianista piauiense Luiz do Rego Lima (1847-1903). Entretanto, o cargo mais importante - em termos financeiros, principalmente - era o de chantre, tendo sido ocupado pelo cônego Manoel Pedro Soares por várias décadas.
Endereço antigo: rua da Saavedra, 23

Palacete da família Soutto Mayor, onde vivia Sinhasinha Santos (ca.1880-1970)
Na primeira metade do século XX, São Luís teve várias pianistas que além de dar aulas de piano em suas casas, organizavam recitais e eventos culturais em suas residências. Esse foi o caso de Jovina d'Almeida Santos, popularmente conhecida como Sinhasinha Santos. Coincidentemente, sua residência veio a receber futuramente o Teatro-Cine Éden, cinema mais longevo da capital maranhense que funcionou entre 1919 e 1984.
Endereço atual: rua Oswaldo Cruz, s/n (altura do n.º 148)

Palacete Emílio Lisboa, onde residiu Lilah Lisboa de Araújo Costa (1898-1979)
O casarão que teve intensa atividade artística durante a primeira metade do século XX é o mesmo que recebe hoje a Escola de Música do Estado do Maranhão (EMEM). Emílio Lisboa, comerciante conhecido na capital maranhense, era um amante da música. Todas as suas sete filhas estuadaram piano, incluindo Hilda Lisboa de Albuquerque Melo (1895-1986), que se mudou para o Rio de Janeiro na década de 1940 e teve uma filha pianista, Undine Lisboa de Albuquerque Melo (1916-2012). Lilah batalhou por muitos anos para manter um movimento musical em São Luís, principalmente através da Sociedade de Cultura Artística do Maranhão (SCAM), criada em 1948 após o fim da Sociedade Musical Maranhense (SMM), liderada por Adelman Brasil Corrêa (1884-1947) entre 1918 e 1947. Felizmente, esse casarão continua sendo um prolífico local para a Música.
Endereço atual: rua da Estrela, 363

Palacete da família de Creusa Tavares da Silva Loretto (1904-1986)
Assim como nos dois casos anteriores, a pianista Creusa Tavares dava aulas em sua residência e promovia recitais. Discípula de Nila Gonçalves de Araújo, pianista que estudou na primeira Escola de Música do Estado com João Nunes (1877-1951), Creusa foi estudar no Rio de Janeiro no Instituto Nacional de Música com o pianista maranhense, retornando posteriormente para São Luís. Contribuiu com o movimento musical da cidade até se mudar em definitivo para o Rio de Janeiro, por volta de 1950.
Endereço antigo: rua Colares Moreira, 476, canto com a rua dos Craveiros
Endereço atual: rua da Paz, 476

Casarão onde funcionou o Casino Maranhense durante a primeira metade do século XX
O Casino Maranhense foi uma das associações que mais apoiaram as práticas musicais em São Luís. Tomaram parte em sua fundação, em 1888, o pianista maranhense Antonio de Almeida Facióla (1865-1936) e o médico e flautista Claudio Serra de Moraes Rêgo (1863-1909). Além de promover concertos, bailes de máscara, soirées e festejos carnavalescos, cedia seu espaço para as reuniões da Sociedade Musical Maranhense (SMM), além de ter sediado uma escola de música criada em 1920 que, depois de ser ampliada em 1922, veio a se tornar a Escola de Bellas Artes.
Endereço atual: rua Oswaldo Cruz, 1.618

Sobrado onde funcionava o Centro Caixeiral
Assim como o Casino Maranhense, o Centro Caixeiral também promovia diversos eventos culturais. Vários músicos do final do século XIX e início do século XX se apresentaram nos seus salões.
Endereço atual: rua do Egypto, 195

Último prédio onde funcionou a primeira Escola de Música do Estado do Maranhão
O tenor, violinista e compositor Antonio Rayol, retornou a sua terra natal no ano de 1900 para assumir sua antiga "Aula Nocturna de Musica", agora oficializada pelo Estado, além de assumir a cadeira de professor de Música do Liceu Maranhense (vaga devido ao falecimento do violinista Luiz de Medeiros (1861-1900), discípulo de Leocádio Rayol e primeiro professor de Música do Liceu, nomeado em 1890) e da Escola Normal. Seu relatório de 1900 serviu como base para o projeto de criação de uma escola de música pública, redigido pelo então deputado estadual Benedito Leite. Assim, em 1901, foi criada a primeira Escola de Música do Estado do Maranhão. Naturalmente, a situação era precária, mas o empenho e boa vontade de professores e estudantes faziam - e sempre fazem - a diferença. Infelizmente, Antonio Rayol faleceu em 1904, tendo assumido interinamente a direção da Escola a pianista Almerinda Ribeiro Nogueira (1880-1944). Em 1906, o pianista João Nunes (1877-1951), recém-chegado de seus estudos em Paris, assumiu então a direção da Escola. Segundo Adelman Correia, em nota publicada no ano de 1923, o pianista deixou o cargo em 1911 devido a divergências com o governo que, por sua vez, fechou a instituição. Esse é o último prédio onde a mesma funcionou, que recebe hoje o Conselho Estadual de Educação.
Endereço atual: rua do Sol, 412

Prédio onde funcionou a Academia de Música do Estado do Maranhão
Quando alguém trata sobre a SCAM - sigla para "Sociedade de Cultura Artística do Maranhão" - vem logo à cabeça o nome de Lilah Lisboa, pianista que criou essa associação em 1948. Porém, trata-se de uma grande injustiça: as conquistas da SCAM sobre a direção do cantor lírico José Ribamar Bello Martins (1927-2001), entre 1956 e 1967, foram extremamente significativas. Houve a criação do Coral do Maranhão, que existiu entre 1962 e 1967 e tinha como objetivo fazer um grupo vocal com a mesma qualidade dos principais coros nacionais, e da Academia de Música do Estado do Maranhão (AMEM), uma tentativa ousada de criar um grande estabelecimento de ensino musical em São Luís. Foram convidados, inclusive, músicos com sólida carreira no exterior para lecionar na AMEM, a exemplo do regente Bruno Wysuj - que também era regente do Coral do Maranhão.
Endereço atual: av. Beira Mar, 232

Última residência do Padre João Miguel Mohana (1925-1995)
O grande "salvador" da música maranhense, o pe. Mohana protagonizou uma pesquisa iniciada na década de 1950 que culminou em seu livro "A Grande Música do Maranhão", publicado pela primeira vez em 1974. Ele traz um relato de informações que o padre, colecionador de partituras, obteve em seu percurso. Graças a ele, temos hoje mais de duas mil partituras disponíveis no Arquivo Público do Estado do Maranhão (APEM), na qual a maior parte foi doada por ele em 1987. Nossa missão, a partir de agora, é editar as partituras, estudá-las e interpretá-las, trazendo novamente à circulação esse repertório legitimamente maranhense.
Endereço: rua Afonso Pena, 113


2) Locais não confirmados

Sobrado onde possivelmente viveu Antonio Luiz Miró (1805-1853) quando chegou ao Maranhão
Pianista e compositor nascido em Granada, na Espanha, Miró se mudou na infância para Portugal. Foi um professor de piano de sucesso, além de ter sido diretor do Teatro de São Carlos, principal casa de óperas de Portugal. Sua reputação chegou à Província do Maranhão, que o contratou para inaugurar e dirigir a primeira temporada lírica do recém-reformado Teatro São Luiz. Contraiu uma doença em 1852, na qual partiu para Lisboa no início do ano seguinte para buscar tratamento. Porém, antes do navio a vapor chegar em Pernambuco, o capitão ficou receoso de que a doença de Miró pudesse contaminar a população, desembarcando-o em um lugar deserto antes de chegar no Recife.
Endereço antigo: rua Grande, 59

Possível sobrado onde morou Sérgio Augusto Marinho (ca.1826-1864) no final de sua vida
Flautista, foi o primeiro professor de Música e de sopros da Casa dos Educandos Artífices. Também compôs acompanhamentos musicais para peças teatrais encenadas no então Teatro São Luiz. Deixou-nos a Novena de Nossa Senhora da Conceição, disponível hoje no APEM.
Endereço antigo: rua da Palma, 21

Sobrado onde possivelmente morou Leocádio Rayol (1849-1909) na década de 1860
O violinista e compositor Leocádio Rayol é um dos nomes mais importantes da música maranhense. Tocou e compôs obras para festejos religiosos, concertos e salões. Sua primeira esposa, a pianista Emilia Moura Rayol (irmã de João Dunshee de Abranches Moura), o acompanhava em vários recitais. Porém, faleceu em 1882, No ano seguinte, Leocádio foi exonerado de seus cargos nos correios e na Casa dos Educandos Artífices, onde era professor de cordas. Mudou-se então para o Rio de Janeiro, participando da vida cultural da cidade. Chegou a ser professor substituto de violino do Imperial Conservatório em 1888. Os dois possíveis sobrados mostrados estão hoje muito alterados.
Endereço antigo: rua da Palma, 50

Possível casa onde vivia o violinista José de Carvalho Estrella (ca.1818-ca.1888)
Presença frequente nas orquestras contratadas temporariamente para acompanhar as companhias líricas que se apresentavam no Teatro São Luiz, José também dava aulas de violino. Em uma reportagem de 1904, ele é mencionado como um dos professores de Leocádio Rayol.

Casa onde possivelmente residiu o flautista Joaquim Zeferino Ferreira Parga (ca.1834-1907)
Formado na Casa dos Educandos Artífices, Joaquim era alfaiate (uma da habilitações profissionais possíveis desse estabelecimento) e flautista. Foi muito atuante durante a segunda metade do século XIX, seja em eventos religiosos ou em concertos no Teatro São Luiz. Regeu o grupo que interpretou a Novena de Nossa Senhora dos Remédios de Antonio Luiz Miró em 1851, possivelmente pela primeira vez, conforme relato de João Francisco Lisboa em livro recentemente publicado. Teve sete filhos, e todos estudaram música, sendo que alguns mantiveram a "Orquestra Irmãos Parga", famosa na época, entre 1904 e 1934. Joaquim Possidonio (1871-1909) era violinista e principal discípulo de Leocádio Rayol, segundo o próprio. Após seu falecimento, o violinista Tancredo Parga (ca.1880-1940) assumiu a direção da "Orquestra". Havia ainda os violinistas Raimundo, Hermenegildo e as pianistas e professoras Anna Parga Baptista e Alzira Parga.
Endereço antigo: rua das Flores, 3
Endereço atual: rua das Flores, 7


Possível casa onde funcionou inicialmente o Instituto Musical São José de Riba-Mar
Maria José Carvalho Moreira, conhecida popularmente como "Sinhazinha Carvalho", também foi uma pianista que dava aulas e promovia apresentações em sua residência. A diferença, no caso dela, foi a criação de um instituto, dando caráter mais "oficial" a sua atividade pedagógica. O Instituto Musical São José de Riba-Mar foi criado em 1918, havendo registros de seu funcionamento até por volta de 1955. Sinhazinha Carvalho fazia parcerias com músicos a exemplo de Pedro Gromwell dos Reis (1887-1964) e Marcellino Maya (ca.1880-1935), que podiam ministrar a aula inaugural de cada semestre e tomar parte em eventos de datas comemorativas, como o Dia de Ação de Graças.
Endereço antigo: rua dos Affogados, 130

terça-feira, 11 de julho de 2017

Música e turismo histórico

Durante o desenvolvimento da parte de Musicologia Histórica da pesquisa na qual tenho me dedicado atualmente, surgiu o interesse de buscar informações sobre músicos maranhenses em cemitérios. Em 2016, quando estava residindo na cidade do Rio de Janeiro, visitei o Cemitério São João Baptista. Encontrei o jazigo de três importantes músicos maranhenses: Leocádio Rayol (1849-1908), Elpídio Pereira (1872-1961) e João Nunes (1877-1951). A partir daí, passei a me interessar por essa atividade - chamada de "necroturismo" e que já é bastante recorrente em outros países - complementando a pesquisa. Apresentarei adiante os resultados parciais da pesquisa até o presente momento.


Cemitério São João Baptista
Localizado no bairro Botafogo, na capital fluminense, é o maior mausoléu a céu aberto da América Latina. Há vários chefes de Estado - entre eles ex-presidentes da República - e artistas enterrados lá. Acesse a página do cemitério aqui. Os músicos maranhenses enterrados nesse cemitério são:

Leocádio Rayol (1849-1909): Q26, sepultura 1.123A

Elpídio Pereira (1872-1961): Quadra 1, sepultura 14.368A

João Nunes (1877-1951): Aléa 4, sepultura 414


Cemitério de São Pantaleão
Popularmente conhecido como Cemitério do Gavião, fica no bairro Madre Deus em São Luís. Fundado em 1855, é o cemitério mais antigo da cidade que ainda está em funcionamento. Como já era esperado, há diversos músicos enterrados no local. Alguns deles são:

Antonio Rayol (1863-1904): o conhecido tenor, violinista, regente, compositor, professor e primeiro diretor da primeira Escola de Música do Estado do Maranhão, que existiu entre 1901 e 1911, foi um dos músicos brasileiros mais importantes de sua época. Está enterrado na sepultura n.º 84 da 12.ª Seção, junto com seu filho Hilton Rayol (1892-1944), que atuou como tenor amador em algumas oportunidades. Curiosamente, a sepultura menciona anos incorretos de nascimento e falecimento de Antonio.


Ignácio Cunha (1871-1955): violinista, compositor e professor de piano, está entre os nomes mais importantes da música maranhense da primeira metade do século XX. Seu jazigo se encontra na 11.ª Seção.

Carlos Marques (1876-1936): pianista, compositor e regente, era sobrinho do médico e historiador Cezar Augusto Marques. Na mesma sepultura, localizada na 1.ª Seção, está sua segunda esposa, Bembém Marques (1901-1976), que também era pianista.


Raimundo Canuto dos Anjos (1884-1940): contrabaixista de jazz conhecido em São Luís, foi um dos fundadores do Jazz Alcino Bílio. Era também barbeiro e proprietário do salão 28 de Julho. Sua sepultura está afixada no muro que divide as duas áreas maiores do cemitério.

Sinhasinha Santos (ca.1885-1970): pertencente à família Soutto Mayor, que residiu por muitos anos no sobrado que se tornou o Teatro-Cine Éden e atualmente recebe a loja Marisa, foi uma conhecida pianista e professora de piano com intensa atividade durante a primeira metade do século XX em São Luís. Seu jazigo, sem numeração, encontra-se próximo à Capela, ao lado da bela sepultura do Dr. Almir Parga Nina.

Chlorys Padilha (1899-1936): professora de música, teve entre seus discípulos o pianista José de Ribamar Passos (1906-1965), o "Chaminé", que foi presidente do Syndicato dos Musicos, pianista e acordenista no Jazz Alcino Bílio, entre outros grupos. Sua sepultura é a n.º 7 da 1.ª Seção.

Milton Ericeira (1918-1992): médico natural de Arari, dedicou-se à música como amador por breve tempo. O Pe. João Mohana encontrou algumas de suas composições, disponíveis hoje no Arquivo Público do Estado do Maranhão (APEM). Está sepultado na 7.ª Seção.

Antônio Vieira (1920-2009): cantor e compositor de canções populares, sendo atualmente um nome reconhecido na música popular maranhense. Seu jazigo se encontra na 7.ª Seção.


Haydée Mattos Collares Moreira (ca.1920-1979): filha do comerciante Antero Mattos e sobrinha do farmacêutico João Victal de Mattos, Haydée atuou como pianista durante sua juventude, quando então fazia aulas com Esther Santos Marques. Sua sepultura se encontra na 1.ª Seção do cemitério.

Lopes Bogéa (1926-2004): natural do povoado de Jericó, em Guimarães, também foi compositor e cantor de canções populares. Sua sepultura está na "parte nova" do cemitério".

Pe. João Mohana (1925-1995): responsável por colecionar partituras, graças a seus esforços uma parte importante da música maranhense foi preservada. Sua coleção está hoje disponível no Arquivo Público do Estado do Maranhão (APEM). Sua sepultura está localizada na 3.ª Seção, n.º 71-B.

Olga Mohana (1933-2013): irmã do Pe. João Mohana, foi cantora lírica, com voz de mezzo-soprano. Foi diretora da atual Escola de Música do Estado do Maranhão (EMEM) entre 1979 e 1982, sendo sua gestão conhecida como os "Anos de Ouro" da instituição. Era também professora do curso de Ciências Sociais da Universidade Federal do Maranhão (UFMA). Seu jazigo se encontra logo no início do corredor da "parte nova" do cemitério.


Capela Bom Jesus dos Navegantes
Anexa à Igreja de Santo Antônio, em São Luís, há várias pessoas enterradas nessa capela, entre elas Ana Joaquina Jansen Pereira (1793-1869), conhecida proprietária de terras e membro da nobreza maranhense do século XIX. Alguns jazigos encontrados são:

Carlos Antonio Colás (ca.1838-1879): "pistonista" (trompetista) que participava das orquestras contratadas para acompanhar as companhias líricas no então Teatro São Luiz, era filho do clarinetista português Francisco Antonio Colás (ca.1808-1871) e irmão de Francisco Libânio Colás (ca.1831-1885), o primeiro músico maranhense a ter uma carreira em nível nacional. Carlos faleceu por beribéri, uma enfermidade recorrente durante o Maranhão Imperial.

Ladislau Muniz Fernandes (1868-1923): nascido em Vianna na época em que a cidade teve várias gerações de músicos prolíficos, graças principalmente aos esforços de Miguel Arcanjo Dias (1871-1925), Ladislau foi compositor, oficial militar e comerciante, tendo residido em São Luís Gonzaga nas primeiras décadas do século XX, onde faleceu. O Pe. João Mohana encontrou treze de suas obras, cujas partituras estão disponíveis hoje no APEM.

Emilia Moura Rayol (ca.1848-1882): primeira esposa de Leocádio Rayol, também era pianista e irmã do jornalista e político João Dunshee de Abranches Moura (1868-1941), compositor algumas obras, entre elas uma "Ave Maria" que ficou conhecida em São Luís no início do século XX. Emilia estudou com João Pedro Ziegler (1822-1882) no colégio "Nossa Senhora da Gloria", que tinha suas irmãs como diretoras.

Affonso de Britto Pereira (1878-1915): irmão de Elpídio Pereira, seu jazigo está na referida capela.


Catedral Metropolitana de São Luís
 Na Sé do Maranhão, há algumas pessoas sepultadas. Nas lápides próximas ao altar, foram enterrados os bispos e arcebispos. Em uma sala à esquerda da entrada, há sacerdotes e membros do cabido. Destaca-se a seguinte sepultura:

Vicente Ferrer de Lira (ca.1796-1857): natural de Portugal, onde atuou como tenor da Sé de Lisboa, veio para São Luís por volta de 1826 para atuar como mestre-de-capela e organista da Catedral do Maranhão. Sua esposa, Anna Adelaide de Burgos e Lira, também jaz nesse mesmo local.